O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) iniciou na Paraíba, nesta quarta-feira (8), uma agenda de dois dias de palestras e debates, com os dois olhos voltados para as eleições de 2018. Esteve em Campina Grande, na quarta, e vai a Cabedelo, nesta quinta. O discurso adotado para um séquito ávido por mudanças no governo, ciosos pelo retorno de uma visão mais conservadora e ditatorial no comando do país, ouviu do postulante a postulante um discurso intolerante com a liberdade de culto e ainda apologia ao crime, com a clara sinalização de armamento dos proprietários de terra para “matar” os sem-terra. Algo apavorante, sem paralelo explícito, mas não diferente do que o parlamentar vem pregando e que encontra, hoje, eco em uma parcela significativa da sociedade.
Entre as promessas de Bolsonaro estão a liberação de porte de arma para todos os brasileiros e a doação de fuzis pelo Governo Federal para que os produtores rurais possam enfrentar os “marginais do MST” que invadem terras. “Nós confiamos na Polícia Militar, mas daremos porte de arma para todo homem de bem deste país. Nós temos que ter o povo armado para que possa se defender a sua democracia e a sua liberdade”, defendeu Bolsonaro em discurso registrado pelo repórter Josusmar Barbosa, do jornaldaparaiba.com.br. Para “os marginais do MST que param o agronegócio, vamos dar fuzil para o produtor rural porque cartão de visita para invasor é o rifle 762”, detonou o
deputado, com um discurso fundamentalista que segue no sentido contrário ao dos últimos governantes do país e se equipara ao dos principais caudilhos da América Latina.
Intolerância
Sabe o estado laico, aquele criado após o fim da idade média? Ele não serve para o pré-candidato a presidente. Durante discurso em Campina Grande, ele pregou o fim no Brasil da liberdade de culto e a separação entre estado e religião. Segundo ele, como a maioria dos brasileiros é cristã, defende a adoção das religiões ligadas ao cristianismo como oficiais do país. “Deus acima de tudo. Não tem essa historinha de estado laico não. O estado é cristão e a minoria que for contra, que se mude. As minorias têm que se curvar para as maiorias”, destacou. Ou seja, não haverá espaço para quem for islâmico, budista, praticante da umbanda… todos terão que deixar o país, só por que Jair Bolsonaro acha que é certo. Gente, pelo amor de Deus. Este é um raciocínio medieval, da época da “santa inquisição”.
Em certo momento, fugindo da pauta retrógrada, Bolsonaro falou algumas coisas no campo econômico que encontram eco no Nordeste. Lembrou ser esta a região mais desprezada do país e defendeu uma mudança na política e na economia brasileira para acabar a desigualdade regional. A agenda do pré-candidato do PSC a presidente tem continuidade nesta quinta, às 19h, no Forte Santa Catarina, em Cabedelo.
Blog Suetoni Souto Maior